quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Basta de Histórias!

É irônico que em meu blog que tem como tema a História, eu escreva uma postagem com o título Basta de Histórias. Mas esse é o título de um livro que li algum tempo atrás, do jornalista argentino Andrés Oppenheimer. O livro veio-me à cabeça depois de haver lido um artigo no Jornal GGN intitulado Brasil tem mais faculdades de Direito que todos os países.

O artigo afirma que existem 1.240 cursos de Direito no Brasil, contra 1.100 em todo o resto do mundo somado. A informação me é surpreendente, e não vou discutir aqui sua veracidade ou não, por falta de dados. Vou comentar que o autor viu nessa proliferação de advogados um mau sinal, evidência de insegurança jurídica, sem contar que a quantidade é inimiga da qualidade. Um comentarista colocou:

É como eu sempre digo: pobre do país que produz mais advogados do que engenheiros.... É sintoma de algo está muito, mas muito errado.


Nesse ponto lembrei-me do citado livro. Andrés Oppenheimer analisa o fato de  em sua Argentina natal, e possivelmente em todo o resto da América Latina, os estudantes de História e Filosofia superam em número os estudantes de Engenharia e Informática, e contrapõe ao que acontece na China, onde a esmagadora maioria dos estudantes opta por cursos na área tecnológica, muito embora a China tenha uma História e um legado em Filosofia muito maiores e mais antigos que a Argentina. Nada a ver com o fato da China estar crescendo a largos passos enquanto a América Latina marca passo? Certamente que não!

Sem cair na discussão inútil sobre quem é mais útil ao país, o engenheiro ou o advogado - ambas funções essenciais e não conflitantes - vou direto à raiz do problema: a ambição da grande maioria dos estudantes brasileiros não é inventar uma engenhoca e fundar sua própria empresa, mas passar em um concurso público. E são os cursos de humanas, em especial Direito, os mais requisitados para os concursos. Algo de errado nisso? Sim. Todos sabem que funcionários públicos estão presos a planos de carreira e têm vencimentos tabelados. Se o funcionário enriquece, não é com seus vencimentos. E se o ideal de ascenção social é uma carreira no funcionalismo público, ou há um erro de cálculo ou segundas intenções. Estudantes que optam por tal carreira deveriam fazê-lo por vocação específica, e não por desejo de enriquecer - nesse caso, deveriam ter como ideal entrar na iniciativa privada e fundar suas próprias empresas.

Funcionários e burocratas são essenciais para um país, mas não produzem riqueza. Só haverá recursos para a expansão de carreiras e novos concursos se aqueles que pagam impostos forem prósperos. Do contrário, a grande maioria dos estudantes que sonham passar em um concurso jamais atingirá o seu objetivo. Quanto tempo levará até que entendam isso?

Um comentário:

  1. Aqui no Brasil ainda existe aquela herança colonial onde as profissões prestigiosas são: Advogado, Médico, Padre, Militar. Só que hoje em dia tire o padre e coloque "funcionário público".

    Acho que é uma coisa meio ovo e galinha. Aqui no Brasil existem dois tipos de empreendedores: O Empreendedor-Herói, que trabalha honestamente e trata os empregados de modo honesto e digno, e o Empreendedor-Explorador que vê os empregados como escravos de salário, e comete todo tipo de desonestidade.

    É praticamente impossível para um jovem hoje em dia ganhar a vida no setor privado sem uma faculdade BOA e muito estudo adicional. E olhe lá. O governo estrangula o setor privado, então o resultado é que a grande maioria vive de salário minimo e dá graças a Deus por isso. Enquanto isso qualquer sujeito com um ensino médio, um QI decente, esforço e talvez um cursinho pra concurso pode estudar (MUITO!) passar num concurso e se tornar membro da classe média com um trabalho facil e comodo.

    As grandes empresas poderiam usar sua influência para diminuir os encargos do estado... só que elas não tem interesse. Tenho certeza que praticamente todas ela sonegam impostos de maneira descarada, e não estão nem ai porque qualquer coisa é só negociar pagamento e pronto. O pequeno empresário que se ferre porque os Eike Batistas da vida podem ficar ricos e receber empréstimo do BNDES sendo amigos do Lula e quetais. A crise talvez resolva isso.

    Em suma: O Brasil nunca foi um país capitalista de livre-mercado. Começamos mercantilistas, adotamos o keynesianismo e atualmente somos uma economia Meta-Capitalista.

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