sexta-feira, 18 de abril de 2014

Morreu, virou santo

Está sendo muito comentada a morte recente do escritor Gabriel Garcia Marquez, velho ídolo das esquerdas latino-americanas. É sempre assim: morreu, virou santo. Mas esse já era santo em vida. Era prolixo e tinha um estilo hermético, pouco inteligível, para não dizer incrivelmente chato. Mas como era de esquerda, não podemos dizer isso: se não compreendemos o que ele escrevia, então os burros somos nós, e não ele.

Eu me lembro de uma história que era muito contada nos anos sessenta, quando o pessoal engajado se reunia no cinema Paissandu para ver filmes "cabeça". Em determinada sessão de um filme do Godard, o projetista se equivocou e trocou os rolos do filme, fazendo a história ficar toda destrambelhada, com personagens que já tinham morrido reaparecendo, etc. Pois o pessoal não só não reparou, como ainda fez toda uma análise em cima da suposta narrativa não-linear em flashback do mestre...

Eu sempre achei que essa história era uma piada, mas quanto mais conheço os intelectuais esquerdistas, mais me convenço de que é verdade.

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